Sociedade Bíblica do Brasil

Programa Acolher Pessoas com deficiência

1. Objetivo geral

Estimular o desenvolvimento e a qualificação de estratégias voltadas à consolidação do paradigma da inclusão no âmbito do SUAS, a partir de uma aliança estratégica com o movimento de pessoas cegas e com deficiência visual no Brasil, bem como da rede de entidades representativas deste segmento.

2. Objetivos específicos

Com base na resolução CNAS 27/2011, o projeto cumpre seus objetivos a partir de ações integradas e orientadas pelas atividades 1, 5, e 7 da referida resolução. São objetivos específicos do projeto:

  • Fortalecer o protagonismo individual e coletivo, a partir de temas e estratégias previamente pactuadas;
  • Atuar de maneira articulada com o movimento de pessoas com deficiência, com vistas a defender e propor pautas que contribuam para o fortalecimento do SUAS;
  • Apoiar e desenvolver estratégias e campanhas compromissadas com o combate ao preconceito, a discriminação e a violação de direitos de pessoas com deficiência;
  • Ressignificar as estratégias de promoção da inclusão de pessoas com deficiência no mundo do trabalho
  • Atuar em rede para o apoio e produção de materiais em formatos acessíveis.

3. Público-alvo

  • Grupos de pessoas cegas e com baixa visão não institucionalizados;
  • Pessoas cegas, com baixa visão e famílias em situação de vulnerabilidade e riscos pessoais e sociais;
  • Movimentos e organizações de e para pessoas cegas e com baixa visão.

4. Abrangência territorial

Nacional

5. Descrição

A relação da SBB com as pessoas com deficiência é histórica. Em tempos que não se falava de acessibilidade como um direito, à preocupação com estratégias para fazer chegar à bíblia para pessoas cegas já era uma tônica para toda a organização.

Atualmente além de continuar distribuindo centenas de bíblias em formato acessível, a SBB transformou essa expertise consolidada a partir de uma relação de parceria com o movimento de luta do segmento, em um programa inédito no país.

Impressão e distribuição de materiais como legislações e cartilhas em Braille, formação para estímulo ao desenvolvimento do protagonismo e da cidadania, apoio para acesso a outras políticas públicas, foram alguns pilares estruturantes do acolher, hoje ofertado nas sete cidades com cede física da organização.

O Programa Acolher trabalha junto a seus usuários temas e subtemas da Política Nacional de Assistência Social. Contudo neste programa a jornada ainda é complementada por mais momentos de vivências organizados conforme as demandas de cada território.

Metodologia

Mobilização de pessoas com deficiência visual no território

Com um dos cadastros mais precisos do país, a SBB conseguiu identificar e mobilizar pessoas cegas e com baixa visão em seus distintos territórios de atuação. Esse público que chegava até a entidade em geral em busca da Bíblia, ao tomarem parte do programa passaram a participar de uma série de encontros com temas diversos, sempre alinhados com os princípios e diretrizes do SUAS. Com o apoio da equipe técnica da SBB, os usuários foram referenciados ao CRAS, e estimulados a exercer sua cidadania.

Apoio a Gestores públicos e conselhos de Assistência Social na produção de conteúdos em Braille e outros formatos acessíveis

A acessibilidade apresentou-se como um dos maiores desafios para a consolidação do SUAS no Brasil. Ciente deste cenário a SBB tem se posicionado como a principal referência na produção e distribuição de materiais acessíveis relacionados ao SUAS e aos direitos de seus usuários. A entidade ainda apoia conselhos para que tenham seus regimentos, memórias de reuniões e comunicados em formatos acessíveis, ampliando a participação de pessoas com deficiência visual nestes espaços.

Articulação com movimentos e entidades de pessoas com deficiência

A SBB acredita que o Acolher é o primeiro passo, e o grande apoiador, para que pessoas com deficiência possam construir e vivenciar novos e melhores projetos de vida. Por isso, realizou alianças com organizações nacionais e locais, ampliando assim sua capacidade de articulação e de conexão de oportunidades.

Atividades do projeto

  • Promovemos periodicamente momentos de formação e debate, com pessoas cegas e ou com baixa visão;
  • Apoiamos e trabalhamos em conjunto com os conselhos municipais de Assistência Social na promoção de momentos formativos e produção de conteúdos acessíveis em braile a áudio, compromissados com a consolidação do paradigma de inclusão de pessoas com deficiência no âmbito do SUAS;
  • Atuamos de maneira articulada com o movimento de pessoas com deficiência, com vistas a defender e propor pautas que contribuíssem para o fortalecimento do SUAS, em conselhos de Assistência Social;
  • Promovemos a participação de pessoas cegas em conselhos de direitos.

6. Formas de participação dos usuários (elaboração, execução, avaliação e monitoramento)

Mobilizações de Redes: Articulação no território

Esta categoria permite que a SBB monitore o alcance de seus trabalhos para a efetivação plena do princípio da territorialidade. Por meio de uma postura proativa a organização realiza distintas ações de mobilização junto a seus diferentes públicos, um dos principais diferenciais de sua atuação.

Para fins de alinhamento conceitual, entende-se por mobilização a capacidade de busca e inserção dos diferentes públicos relacionados a cada oferta concebida pela entidade.

Tal mobilização foi mensurada considerando duas perspectivas, a saber:

1. Atividades realizadas

Conhecer o volume de cada uma destas ações e a correlação com o número bruto de público mobilizado é fundamental para que a organização afira o nível de eficácia de cada ação considerando as diferentes cidades e regiões em que atua.

2. Público mobilizado

Além de mapear o volume das distintas atividades é fundamental conhecer a quantidade de público afetado por tais ações.

Participação

A participação plena em toda a jornada viabilizada pelas diferentes ofertas da SBB pode significar a adesão efetiva dos públicos envolvidos aos princípios e diretrizes consagrados na Política Pública de Assistência Social. Uma participação pontual também precisa ser mensurada, pois pode sinalizar a necessidade de ajustes em conteúdos ou mesmo a demanda pela readequação de metodologias e abordagens.

Para o monitoramento da participação foram utilizadas as listas de presença e a sistematização de eventuais depoimentos registrados em instrumentais de avaliação de cada momento de Assessoramento.

Categoria, aquisições e acessos

A Sociedade Bíblica do Brasil avança ainda mais na promoção de estímulos concretos para que as pessoas com deficiência participantes possam discutir e conquistar transformações efetivas em seus projetos de vida.

O acompanhamento destes ganhos individuais e coletivos, historicamente monitorados com base em depoimentos e constatações decorrentes das devolutivas informais trazidas pelos participantes nas rodas de conversas e incursões no território promovido pelo Acolher, também é realizado considerando o empoderamento individual e coletivo dos participantes nesta oferta de assessoramento.

O conceito de empoderamento que remeteu à ideia de acesso e exercício do poder é complexo, e trabalhado a partir de olhares de distintas áreas do conhecimento.

Ao falar da construção de estratégias para mensurá-la o exercício do empoderamento, é importante ter clara a abordagem utilizada para mensuração de tais práticas. Partimos de uma visão Freiriana que, ao tratar do poder, o reconhece como “um aumento da conscientização e desenvolvimento de uma “faculdade crítica” entre os marginalizados e oprimidos. Este é o poder de “fazer” e de “ser capaz”, bem como de sentir-se com mais capacidade e no controle das situações”.

Assim, para elaboração do indicador e definição de meios de verificação, tomamos como ponto de partida conceitual a seguinte definição:

“O empoderamento é um processo dinâmico em desenvolvimento, centrado na comunidade local e que envolve a dignidade recíproca, a reflexão crítica, a participação e o cuidado do grupo, através do qual aqueles que carecem da possibilidade de compartilhar os recursos existentes ganham maior acesso e controle sobre tais recursos, através do exercício de ampliação do equilíbrio de poder.”

(Van der Eiken, 1990)

Dada a amplitude de possibilidades abertas pelo conceito o monitoramento do empoderamento individual e coletivo realizado pelo Programa Acolher se deu a partir de duas perspectivas:

  • O Poder como maior confiança na capacidade pessoal e coletiva para levar adiante determinadas lutas;
  • O Poder como aumento das relações efetivas que as pessoas e grupos demandantes de voz e reconhecimento pela sociedade, podem estabelecer junto às instâncias de controle social, gestores públicos, organizações privadas e outros movimentos sociais.

Diante destas diretrizes para cada temário trabalhado são mensuradas as aquisições e acessos decorrente de tais formações, discussões e vivências. Para tanto são realizadas rodas de conversas sempre trinta dias após o eixo trabalhado, objetivando coletar relatos e estimular a troca de experiências.

Tais informações são registradas pela equipe da SBB em instrumental específico, estruturado para mensurar níveis de incidência da intervenção, considerando modalidades especificas previamente definidas pela gestão, conforme segue:

  • Intervenções espontâneas relativas ao tema geral;
  • Diálogos espontâneos decorrentes de intervenções de participantes do próprio grupo relacionadas ao tema geral;
  • Intervenções espontâneas propondo questões decorrentes do tema geral;
  • Surgimento de propostas decorrentes dos debates realizados;
  • Tomadas de decisões coletivas, resultantes das discussões realizadas;
  • Vocalização de experiências vivenciadas e decisões individuais relacionadas ao tema proposto;

A sistematização dos dados coletados permite aferir o nível de empoderamento individual e coletivo diante do tema proposto, através do cruzamento das informações quantitativas e qualitativas.

Sociedade Bíblica do Brasilv.4.18.14
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